terça-feira, 3 de setembro de 2013

O início e os conceitos

Começamos hoje a disciplina de Ética para os alunos da Medicina Veterinária da UFPR, Setor Palotina. Começamos discutindo conceitos. Independente dos formalismos conceituais, como é importante resgatar os princípios éticos e morais trazidos de casa, do círculo familiar mais amplo, da escola e por aí vai. Todos trazemos uma história pessoal que consolidou em nós um conjunto de comportamentos. Do pessoal ao social. Do mais simples ao mais complexo. Vamos discutir juntos a importância da ética e do estudo da deontologia. Os princípios do dever profissional, aliados aos elevados princípios éticos e morais.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Justiça, por Michael Sandel

Acabo de ler "Justiça", de Michael Sandel (Ed. Civilização Brasileira, 348p.). O livro é uma síntese do curso Justice oferecido por Sandel na toda poderosa University of Harvard, onde é professor de Filosofia Política. Segundo Sandel, as ideias discutidas no livro não são uma compilação histórica de conceitos de ética e moralidade e muito menos uma exegese tediosa de filosofia e ciência política. Trata-se de "uma jornada de reflexão moral e política, (...) um convite aos leitores a submeter suas próprias visões sobre justiça ao exame crítico - para que compreendam melhor o que pensam e por que". Vale a pena colocar este livro na sua lista de desejos para estas férias. O tema é atraente e o didatismo do autor o tornam ainda mais. Justice acabou virando até séria de TV, os episódios estão acessíveis em www.justiceharvard.org e já obtiveram mais de 8 milhões de acessos.


Em outubro e novembro passados, Sandel estreiou seu projeto de aulas online em tempo real com participação de estudantes de São Paulo, Nova Délhi, Tóquio e Xangai. De Harvard, o filósofo fazia perguntas sobre moralidade e chamava os alunos para o debate. Nas classes, estudantes interagiram com Sandel e colegas dos outros países, em inglês, por meio de um aplicativo de iPad. As diversas telinhas da videoconferência apareciam projetadas em um mapa-múndi.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Dia Mundial de Combate à AIDS

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que a taxa de incidência de Aids no Brasil tem se mantido nos mesmos índices nos últimos anos. Os dados apontam que a taxa de incidência da doença no País, em 2011, foi de 20,2 por 100.000 habitantes. Nesse ano, foram registrados 38,8 mil casos novos da doença. O maior número de casos está concentrado nos grandes centros urbanos.

Hoje, Dia Nacional de Combate à AIDS, vale divulgar o apelo do Ministério da saúde da importância de se fazer o teste de HIV. As mensagens mostram que o teste é um processo seguro, sigiloso e acessível na rede pública. Os protagonistas da campanha, que vivem com HIV e descobriram sua sorologia por meio do teste, irão incentivar a realização do exame

Das 530 mil pessoas que vivem com HIV no Brasil atualmente, 135 mil desconhecem sua situação e cerca de 30% dos pacientes ainda chegam ao serviço de saúde tardiamente.

A campanha também incentiva os profissionais de saúde a recomendarem a testagem aos pacientes, independente de gênero, orientação sexual, comportamento ou contextos de maior vulnerabilidade.

Segundo o balanço do Ministério da Saúde, o coeficiente nacional de mortalidade caiu de 6,3 mortes para cada 100 mil habitantes, em 2000, para 5,6, em 2011. Na última década, o País apresentou uma média de 11.300 mortes por ano provocadas pela Aids.

Além disso, é importante enfatizar também a enorme necessidade de incrementar as campanhas de prevenção contra as Hepatites B e C.

Leia mais em:    http://www.aids.gov.br

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A definição de Ética

Nas palavras simples, mas consistentes, do filósofo Mario Sergio Cortella, a definição de ética. Ainda que saibamos que a ética, como ciência e filosofia, demanda um estudo mais profundo. De qualquer forma, o princípio que funda a ética aparece de forma original na fala do filósofo Cortella.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Reiniício das aulas de Deontologia

Prezad@s,
em virtude da reestruturação do calendário acadêmico (Resolução CEPE42/12) e considerando o pedido dos estudantes, as aulas serão retomadas a partir da quinta (19). Portanto, nossa aula de Deontologia ocorrerá na próxima terça, às 16:30 horas.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Qual a diferença entre o idiota e o político?

Uma lição, ouvida do mestre Mário Sérgio Cortella, ensina que na Grécia antiga o cidadão individualista e pouco voltado aos interesses da coletividade era chamado de 'idhiótis', o que deu origem à palavra idiota.
Em contrapartida, o cidadão participativo na vida comunitária e engajado naquilo que era de interesse público era chamado de 'politikós'.

Portanto, a política é a ciência e arte da participação e vivência dos cidadãos na vida pública de sua comunidade.

Curioso que no Brasil a política está cheia de idiotas, uma inversão histórica bizarra.


Mas, é fundamental que assimilemos que fazer política é uma obrigação do cidadão consciente. Aristóteles entendia que ser político é próprio da natureza do homem.

Assim, a ação política em sentido amplo reflete a natureza de um cidadão responsável.

Leia mais em:
Politikós - Unidade e Conflito na Atenas do V séc. a.C., por Valéria Reis, Profa. Ms. de História Antiga pela Universidade Federal Fluminense (UFF).
http://www.heladeweb.net/N2%202002/valeria_reis2.htm

Definição de Política na Wikipedia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Política

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Pequeno Tratado das Grandes Virtudes

Escrever sobre ética e moral não é lá muito fácil. Que dirá tornar best-seller um livro com esta temática? Pois bem, o filósofo francês André Comte-Sponville conseguiu essa façanha. O seu Pequeno Tratado das Grandes Virtudes (Ed. Martins Fontes, 2009, 400p) vendeu feito água. Parte do sucesso se deve ao fato de que Sponville torna acessíveis discussões e inquietações filosóficas. Aqui cabe o melhor significado para 'vulgarizar', ou seja, divulga, esclarece, informa. Tudo na maior classe, sem banalidades ou esnobismos.

O autor esclarece que foram escolhidas 18 virtudes, que vão da polidez ao amor.
É uma leitura que tem me subsidiado muito na disciplina de Deontologia para estudantes de medicina veterinária.

Em geral, começamos o semestre atribuindo uma 'virtude' para cada dupla de alunos estudarem e apresentarem uma síntese para os demais. Sucesso garantido.

Este precioso livro sintetiza muitos elementos discutidos na filosofia e proporciona reflexões sobre a condição humana.
No prefácio, Sponville nos indaga:
"Ora, que livro é mais urgente, para cada um de nós, do que um tratado de moral? E o que é mais digno de interesse, na moral, do que as virtudes?"
Certíssimo. Vamos com ele.

O exemplo da prática das virtudes

Um casal encontra 20 mil reais e devolvem tudo à polícia.
Morando embaixo de um viaduto, o casal não hesitou em devolver o dinheiro.
Ao ser entrevistado, o morador de rua afirma que prevaleceu o que a mãe o ensinou:
- "Nunca roubar o que é dos outros".
Singelo e edificante.

domingo, 10 de junho de 2012

Eu Tenho Um Sonho


Em minha última postagem, falando sobre meu sonho de Universidade e a Universidade dos meus sonhos, citei e parafraseei o memorável discurso de Martin Luther King (1929-1968) proferido em Washington, em 1963. Famoso pela repetiççao da frase "Eu tenho um sonho!", o discurso é um marco na história pela defesa dos direitos civis dos negros norte-americanos. Também é uma obra-prima de composição e projeção de imagens. Valorizando e dando pleno sentido à não-violência, esperança, cidadania e amor ao próximo. O discurso é de 1963. Anos depois MLK seria brutalmente assassinado.
Em 1964, MLK foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.
Leia o discurso na íntegra. Os links abaixo direcionam para o original e a versão em português.

Eu Tenho Um Sonho, em português.

I Have A Dream, no original.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Minhas Universidades

Ainda criança, caçula de quatro irmãos, assistia entre admirado e orgulhoso meu irmão mais velho ir para a tal 'universidade'.
O tempo e muito estudo se encarregaram de forjar em mim a massa que muito duramente passou no vestibular. Eu nem cabia em mim, pobre moço pobre, de tão boa ventura.

De novo o tempo girou e os anos da mocidade ficaram na universidade. Ela me deu em troca o grau de bacharel, o mestrado, o doutorado. De tal sorte que eu sempre lembro do Machado:

"No dia em que a Universidade me atestou, em pergaminho, uma ciência que eu estava longe de trazer arraigada no cérebro, confesso que me achei de algum modo logrado, ainda que orgulhoso. Explico-me: o diploma era uma carta de alforria; se me dava a liberdade, dava-me a responsabilidade".

Abracei as duas: liberdade e responsabilidade e fui atrás do meu destino.
Despenquei lá do norte e disse adeus Belém-do-Pará.
E de novo me vem o Machado:

"Guardei-o [o diploma] e vim por ali fora assaz desconsolado, mas sentindo já uns ímpetos, uma curiosidade, um desejo de acotovelar os outros, de influir, de gozar, de viver, — de prolongar a Universidade pela vida adiante..."

E depois de muito perambulado, me vi instalado na nossa Universidade Federal do Paraná. Jovem centenária senhora.
Como Górki, me vi acumulado das minhas universidades feitas de vida e de gente.
E aqui estamos.

A Universidade que eu sonho ainda é um sonho. E como aquela voz que falava com paixão: eu tenho um sonho!

O sonho de ver a Universidade como o templo que é, da universalidade do conhecimento. Conhecimento que seja livre, gratuito, socialmente referenciado. O sonho de ver a Universidade como uma grande república aberta a todos os estudantes. Pátio para a liberdade de expressão, sem as máculas do ódio, do preconceito e da tirania.

O sonho de ver nossas Universidades erguidas sobre a solidez da qualidade e da beleza, da justiça e da perfeição.
Ver nossos colegas trabalhando para longe da sujeição, livres do improviso e do precário, libertos do adoecimento do corpo e da alma.

Eu tenho o sonho de ver nossas Universidades como o mais elevado altar do que a nossa magna carta tão lindamente propõe...

"...instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias".

Eu tenho o sonho de legar nossas Universidades aos netos de nossos netos. De prolongar a Universidade pela vida adiante...

Nós também queremos recordar a pátria da cruel urgência de defender sua Universidade Pública.
Será fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este inverno sufocante do legítimo descontentamento dos professores e dos estudantes não passará até termos uma renovadora primavera de conquistas.
Conquistas reais construídas para além de promessas fingidas e esperanças frustradas.

E nós não estamos sós. A cada dia novos colegas se juntam a nós em defesa da Universidade.
Não estamos sós, por que, como disse o poeta:
"Só padece de solidão quem se isola das lutas de seu tempo!"